A monumental loja de departamentos parisiense do séc XIX
Fechada desde 2005, a grande loja de departamentos parisiense enfim reabriu as suas portas em 23 de junho de 2021. A reabertura estava prevista para abril de 2020, celebrando seu 150º aniversário, mas devido à grande crise sanitária de saúde pública os parisienses tiveram que esperar um pouco mais. La Samaritaine não é apenas uma loja de departamentos – ela é arte, é literatura, é patrimônio arquitetônico cultural da França aberto para o mundo, atualmente um símbolo de riqueza e luxo.
MONUMENTO HISTÓRICO: 1870 – História de criação
A história do edifício “Samaritaine” começa em 1869, quando o comerciante itinerante Ernest Cognacq vendia tecidos na esquina da Pont Neuf em sua pequena barraca protegida por um guarda-chuva. No ano seguinte, Ernest Cognacq mudou seu pequeno negócio para o anexo de uma cafeteria e, com a ajuda de sua esposa, Marie-Louise Jaÿ, administrou o “Samaritaine”. Aos poucos, começaram a comprar lotes de prédios ao lado do anexo. Rapidamente, o sucesso veio e a loja se expandiu. Em 1900, Ernest Cognacq reinou sobre as lojas de departamentos que ocupavam vários quarteirões da cidade: La Samaritaine cresceu e evoluiu sob a direção de seus sucessivos proprietários, alcançando sua idade de ouro na década de 60.
POR QUE SAMARITAINE ?
A escolha do nome se deu devido à bomba d’água que havia no Sena, construída por Henrique IV em 1608, situado na Pont Neuf, que era utilizada para abastecer o bairro do Louvre e retratava a cena bíblica contada no Evangelho de São João: o encontro de Jesus com a samaritana junto ao poço de Jacó.
Belas Artes: Art Nouveau e Art Déco
Em 1910, foi inaugurado na parte sul do Sena um edifício Art Nouveau projetado pelo arquiteto Frantz Jourdain. Sua estrutura metálica era complementada por um telhado de vidro, ornamentação elaborada e fachadas adornadas com múltiplos painéis esmaltados e policromados.
Ernest confiou também ao arquiteto um projeto de um samaritano de luxo, “o Boulevard des Capucines”. Em 1926, o arquiteto visitou seu amigo e colega Henri Sauvage, que iria soprar o espírito Art Déco nesta jóia do comércio parisiense com a construção de andares superiores em camadas. Em 1928, a construção Art déco de Henri Sauvage foi integrada à estrutura existente.
A NOVA LUXUOSA SAMARITAINE
Em 2001, o “Samaritaine” foi comprado pelo grupo Moët Hennessy Louis Vuitton (LVMH) e quatro anos depois fechou suas portas. Um projeto ambicioso de restauração e reestruturação começou a ser montado, iniciando-se em 2010. O projeto, avaliado em 500 milhões de euros, reuniria 1800 pessoas trabalhando no canteiro de obras e geraria 4400 novos postos de trabalho ao reabrir.
A loja de departamentos contará com 600 marcas de luxo que combinam moda, estilo de vida e gastronomia, um palácio Cheval Blanc, 96 unidades de habitação social, uma creche e escritórios. Para os turistas, certamente será um lugar que deve entrar no roteiro de suas próximas viagens à Paris, apesar de não ser mais o mesmo Samaritaine de 1870, acessível ao público. Mas ainda assim é possível ter grande experiência principalmente os amantes das belas-artes e arquitetura.
Curiosidade Literária relacionada ao Samaritano
Você sabia? Antes de iniciar a obra encomendada por Ernest Cognacq e Marie-Louise Jaÿ, o arquiteto Frantz Jourdain havia dado ideias do projeto da loja de departamentos a Émile Zola, enquanto este preparava seu romance Au Bonheur des Dames , imerso na vida do departamento parisiense. Vale a pena acompanhar essa aventura literária que esboça traços da grande loja de departamentos.